data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Para quem é de fora de Santa Maria fica complicado, mesmo, entender o que se dá em torno do complexo (não só, aqui, em termo estrutural) Hospital Regional. A unidade levou 15 anos para sair do papel e virar realidade. O período leva em conta desde a idealização ao começo e fim da obra, que consumiu R$ 70 milhões do contribuinte e que, até aqui, não mostrou a que veio. O Regional é tão improdutivo - funcionam no prédio de 20 mil m² apenas dois ambulatórios e não há nenhum leito disponível - que isso ficou claro no próprio material institucional do Ministério da Saúde.
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Está lá no release o seguinte trecho: "O município de Santa Maria também será contemplado com o investimento de R$ 36,6 milhões (...) que está com as obras concluídas, porém sem funcionar". O que não deixa de ser verdade. Até porque a palavra "funcionar", em uma busca no Google, aponta, entre outros, sinônimos: trabalhar, atuar, operar, agir. No outro extremo da cidade, na Região Leste, no Bairro Camobi, temos o Hospital Universitário de Santa Maria que funciona à exaustão e, permanentemente, superlotado e precarizado.
Enquanto isso, o Regional opera aos moldes nórdicos - sem fila, com uma procura comedida e com um atendimento melhor que a rede privada - e sem atender o povo que precisa do Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital Regional evidencia o quão prejudicial pode ser o Estado quando se mostra ineficiente. Não se coloca aqui a culpa em quem administra a unidade, que é feita de forma privada, mas sim ao poder público, que é leniente, irresponsável e, muitas vezes, nocivo à sociedade.
Mas muito mais irresponsável, do que qualquer outra coisa, porque sabe cobrar - de forma asfixiante - o cidadão com uma carga tributária pesada e abusiva, mas que não sabe dar sequer o básico em troca. Basta lembrar que, durante quatro anos, os governos estadual e municipal digladiaram em torno da área que receberia o investimento. Foi preciso o benemérito José Antônio Barão Schons (já falecido) doar uma área ao município para a construção da unidade.
Depois, foram sete anos de obra, entre inúmeras idas e vindas (como paralisações dos serviços e indefinição quanto à gestão da unidade). Nesse período, entre 2010 e 2016, três governadores passaram pelo Piratini e os pacientes de Santa Maria e da região seguiram tendo duas alternativas: pagar um plano de saúde privado (e caro) ou contar com o Husm.
Pleitos eleitorais vieram e promessas foram feitas. Agora, outro se anuncia logo ali à frente. E é bem possível que o tema venha à tona e, espera-se que não, sem uma solução definitiva. Se em tempos do alinhamento das estrelas - no auge do lulopetismo -, Santa Maria foi contemplada com o PAC que, dessa vez, o mesmo aconteça. O prefeito Pozzobom é do mesmo partido do governador Estado e tem se valido disso para pautar e pleitear as demandas da cidade. Ora, ganhando, ora perdendo.
Criticado por muitos pelo trânsito em Brasília, junto ao governo Bolsonaro, Pozzobom tem também tido um desempenho, até aqui de razoável a satisfatório, com os ministros gaúchos na Capital Federal. Espera-se que Pozzobom emplaque - seja na insistência ou no atropelo (ou em ambos), que é próprio dele - a promessa de fazer do Regional, de fato, um hospital. Até porque o tucano, que busca a reeleição, sabe o valor disso (que pode ser positivo ou negativo) à campanha.